11 julho 2016

Eu, tu, ele, ela



Homens são de Marte, mulheres são de Vênus.
Perdi as contas de quantas vezes ouvi essa frase, logo acompanhada por um texto sobre as diferenças entre os sexos. E como devemos fazer para conviver sem criarmos um clima de Terceira Guerra Mundial Intergaláctica.
Sobre como as mulheres são choronas, os homens objetivos e racionais.
Como as mulheres se preocupam com o que vestem e como cheiram enquanto a maioria dos homens tem a capacidade de usar a mesma cueca dois dias seguidos.
Como as mulheres fazem várias coisas ao mesmo tempo e esquecem a chave do carro, enquanto os homens só pegam a chave do carro e esquecem todo o resto.
Como a mãe costuma combinar tudo na roupa do filho para ir naquela festinha, enquanto o pai deixa ele sair com bermuda xadrez, camisa listrada e boné de time de futebol. Aff!
Concordo que temos pontos que divergem.
Mas também entendo que temos mais coisas em comum do que diferenças.
A Vanessa está maluca, vocês podem dizer.
Estou não. Explico.
Todos temos um corpo. Que sente, chora e vê.
Um corpo que pede cuidado, que nasce para ser amparado e respeitado.
Independente se choramos mais ou menos, o fato é que nos sentimos tristes.
Independente se nos preocupamos com as propriedades condicionantes do shampoo, o fato é que todos queremos ser reconhecidos como pessoas interessantes.
Se pintamos as unhas de roxo ou se ficamos sem cortar as unhas por meses, nossas mãos querem encontrar outras mãos.
Somos filhos do mesmo ventre, seres humanos lindos e especiais em sua essência. E isso não depende de ser homem ou mulher. Na verdade, isso não depende de raça, credo ou preferência. Nossa natureza é humana. A nossa farinha é a mesma.
Escuto amigos falando que não entendem as mulheres e amigas falando que precisam urgentemente compreender os homens se quiserem ser mães antes dos quarenta.
Para todos, apenas um conselho: Não foquem nas diferenças, naquilo que não entendem. Foquem nas semelhanças, o que existe em comum, o que todos temos ou precisamos.
A boa convivência vem de não enxergarmos apenas as divergências, mas sim o que combinamos. O que nos torna seres humanos e, portanto, animais racionais da mesma espécie, independente do gênero. Seres que riem, que choram, que amam, que se decepcionam, independente de como, onde e porque.
Que se ofendem quando são alvo da raiva alheia.
Que se sentem felizes quando recebem uma massagem.
Que adoram presentes e surpresas.
Que nem sempre sabem lidar com um elogio, mas os adoram.
Que sentem o coração aquecido quando são reconhecidos em seus feitos.
Seres complexos e únicos, que dificilmente conseguiremos catalogar e definir.
Temos tantas variações que seria inútil nos fiarmos nelas. As diferenças são importantes para nossa personalidade e não devem ser um obstáculo nos relacionamentos.
Homens são de marte, mulheres são de Vênus.
Não importa. Posso ser de Plutão, e daí?
Somos todos estranhos míticos, que convivem e aprendem a ser melhores dia após dia. Do sucesso de nossas relações depende o acolhimento que damos ao outro, a identificação e a empatia que desenvolvemos.
Ao invés de nos impacientarmos com as diferenças, vamos nos emocionar com as semelhanças. Isso é o que importa.
Devemos cuidar com os rótulos e tudo aquilo que nos limita, que limita o nosso julgamento. Tem homem que separa roupa por cor e gasta um quilo de gel no cabelo. Tem mulher que corta o cabelo curtinho para não se incomodar e prefere um sapato baixinho para não forçar a coluna.
Criamos nomes para intitular essas pessoas que, de alguma forma, divergem do nosso conceito de feminino e masculino.
Que tédio.
Somos o que somos.
A paz vem de olharmos com olhos de compreensão e cuidado para os que estão ao nosso lado. 
Eu, tu, ele, ela. Eles que são elas, elas que são eles, tu que é como eu, que é como ela, que tem coisas dele e dela.
Uma criação perfeita em sua imperfeição maravilhosa.
E vamos ser felizes que é o que importa!







Originalmente publicado na revista L!terato, por Vanessa Martinelli Levandowski

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